Bolsonaro também mencionou que Do Val tentou demonstrar algum grau de amizade com Moraes e que a reunião foi convocada por Daniel Silveira. Segundo Bolsonaro, Silveira queria que Do Val dissesse algo, mas ele permaneceu em silêncio durante todo o encontro. Bolsonaro afirmou que não tinha conhecimento sobre o contato entre Silveira e Do Val, destacando que eles não tinham relacionamento prévio.
O ex-presidente confirmou que a reunião ocorreu no Palácio da Alvorada e enfatizou que o ministro Alexandre de Moraes jamais foi mencionado durante o encontro.
Bolsonaro também abordou a quantidade de depoimentos que prestou à PF e mencionou a busca e apreensão realizada em sua casa relacionada aos cartões de vacinação. Ele expressou indignação com a situação, chamando-a de "ato de esculacho".
Em relação às declarações de Marcos do Val, o senador apresentou versões contraditórias. Inicialmente, ele afirmou nas redes sociais que houve uma tentativa de Bolsonaro coagi-lo para participar de um golpe de Estado. Posteriormente, Do Val mudou sua versão e declarou que Bolsonaro permaneceu em silêncio durante a reunião. O senador responsabilizou Daniel Silveira pelo suposto plano e afirmou ter denunciado tudo ao ministro Alexandre de Moraes.
Na manhã seguinte ao depoimento, o senador Marcos do Val negou envolvimento em qualquer plano golpista e afirmou ter apreço pela democracia. Essas declarações foram feitas após a revelação de mensagens em que Do Val detalhava uma suposta trama golpista, alinhada com Bolsonaro e Silveira.
As mensagens encontradas no celular de Do Val, divulgadas pelo Metrópoles, revelaram a participação do senador em um jogo perigoso nos bastidores dos poderes da República, supostamente planejando um golpe de Estado para anular as eleições presidenciais de 2022.
Do Val trocava mensagens com Bolsonaro e Silveira, discutindo o plano que envolvia a gravação do ministro Alexandre de Moraes e a possibilidade de intervenção militar no país. Ao mesmo tempo, o senador informava o ministro Moraes sobre cada passo do plano, indicando que o então presidente e o deputado cassado estavam tentando cooptá-lo. O objetivo do plano, segundo as mensagens, era obter informações confidenciais do ministro sobre o processo eleitoral para justificar a anulação das eleições e evitar a posse de Lula.
Em junho, Moraes autorizou uma operação de busca e apreensão no apartamento funcional de Marcos do Val em Brasília, em seu gabinete no Senado e em um endereço no Espírito Santo. Essas medidas foram solicitadas após os investigadores identificarem tentativas do senador de obstruir as investigações sobre os atos golpistas de 8 de janeiro.
Esta quarta oitiva de Bolsonaro na Polícia Federal faz parte de um processo em andamento que busca esclarecer os fatos relacionados às declarações de Marcos do Val. O ex-presidente destacou que continuará cooperando com as investigações e não descartou a possibilidade de depoimentos adicionais.
Em resumo, o depoimento de Jair Bolsonaro à Polícia Federal confirmou sua reunião com Marcos do Val e Daniel Silveira, mas negou qualquer envolvimento em planos de gravar o ministro Alexandre de Moraes ou em atividades contrárias à Constituição. A investigação em curso busca esclarecer as declarações de Do Val e as supostas tramas golpistas mencionadas por ele. O depoimento de Bolsonaro marca a quarta vez que ele é ouvido pela PF este ano, demonstrando sua disposição em colaborar com as investigações em andamento.