Quando atracou na baía de Angra dos Reis, o brigue Camargo foi interceptado e atacado pela Marinha Britânica e pela Marinha Brasileira. Após desembarcar os escravizados, Nathaniel Gordon decidiu afundar o navio, alegadamente para eliminar qualquer evidência da existência da embarcação e evitar ser responsabilizado por suas ações.
Histórias sugerem que os africanos escravizados trazidos pelo norte-americano teriam sido posteriormente vendidos a uma fazenda próxima que operava atividades ilegais, mantendo viva a triste realidade da escravidão no Brasil.
Nathaniel Gordon conseguiu escapar do ataque à embarcação, vivendo como foragido por uma década até ser capturado no Congo com outro grande grupo de escravizados. Ele foi então transportado de volta aos Estados Unidos, onde enfrentou julgamento e foi enforcado em 1862, tornando-se o único homem na história dos EUA a ser executado por tráfico de escravos.
Apesar da notoriedade da história de Gordon, a busca pelo seu navio perdido provou ser um desafio complexo. No entanto, avanços significativos foram alcançados quando Yuri Sanada e o Instituto AfrOrigins reuniram uma equipe de pesquisadores para rastrear o naufrágio de 170 anos.
Trabalhando em colaboração com a comunidade de Angra dos Reis, a equipe determinou a localização provável do naufrágio e realizou varreduras de sonar e mergulhos na região. Ainda que os destroços tenham sido aparentemente encontrados, a densa lama e a falta de visibilidade no local dificultam a confirmação da descoberta.
Os pesquisadores planejam retornar ao local durante o outono, quando as condições do mar estarão mais favoráveis, em uma tentativa de identificar com precisão o brigue Camargo e desvendar mais detalhes sobre sua história e conexão com o tráfico de escravos do século XIX. A descoberta desse possível navio negreiro pode contribuir significativamente para a compreensão e preservação da história escravocrata do Brasil e do comércio transatlântico de escravos.