Descoberto Novo Vírus nas Profundezas da Fossa das Marianas, o Ponto Mais Profundo da Terra
Em um estudo que está revolucionando nosso entendimento sobre a diversidade de patógenos nas profundezas dos oceanos, cientistas identificaram um vírus até então desconhecido que reside na Fossa das Marianas, o ponto mais profundo da Terra que os humanos já conseguiram explorar. Essa descoberta não apenas impressiona pela sua singularidade, mas também oferece insights valiosos sobre a coexistência de vírus e bactérias em ambientes extremos e inóspitos.
O vírus recentemente identificado é um bacteriófago, conhecidos informalmente como "fagos", que são patógenos que infectam e se replicam dentro de bactérias. Acredita-se que os fagos sejam os organismos mais abundantes do planeta, e onde quer que existam bactérias, é altamente provável que também existam fagos.
Uma equipe internacional de pesquisadores encontrou esse fago em sedimentos da Fossa das Marianas, a uma profundidade impressionante de 8,9 mil metros abaixo da superfície do oceano. "Até onde sabemos, este é o fago isolado mais profundo conhecido no oceano global", afirmou Min Wang, um dos membros da equipe de pesquisa.
O vírus foi denominado de vB_HmeY_H4907 e é acreditado representar uma nova família de sifovírus, que possuem DNA de fita dupla. Esses vírus têm como alvo as bactérias do gênero Halomonas, que são frequentemente encontradas nas profundezas do oceano e em fontes hidrotermais. Acredita-se que essas bactérias desempenhem um papel crucial em ambientes marinhos extremos.
Devido à coevolução frequente entre fagos e bactérias hospedeiras, os cientistas conduziram uma análise genômica detalhada do DNA desse novo vírus. Eles esperavam que essa pesquisa pudesse fornecer informações valiosas sobre a evolução desses organismos e como eles interagem com seus hospedeiros.
Os resultados da análise indicaram que o fago está amplamente distribuído no oceano, mas também evoluiu de forma distante em relação aos vírus de referência usados pelos pesquisadores. Além disso, foi descoberto que esse vírus é do tipo lisogênico, o que significa que ele incorpora seu próprio genoma no genoma do hospedeiro bacteriano.
Isso implica que, quando a célula da bactéria se replica e divide, o material genético viral também é copiado e transmitido para as novas células. Essa substituição de DNA pode fornecer insights sobre como ambos os organismos conseguiram persistir em ambientes aquáticos extremamente hostis e adversos, como a Fossa das Marianas.
No entanto, os cientistas enfatizam que mais pesquisas são necessárias para examinar completamente essa possibilidade de evolução. Os autores do estudo já planejam novas investigações para estudar mais profundamente os mecanismos moleculares que impulsionam as interações entre vírus e bactérias nas profundezas do oceano.
Além disso, a equipe de pesquisa está ansiosa para continuar explorando e buscando novos vírus em outros ambientes extremos. É pouco provável que o "vB_HmeY_H4907" seja o único exemplar existente nas profundezas do oceano, e a busca por mais vírus em ambientes extremos pode ampliar significativamente nossa compreensão científica sobre esses microrganismos e sobre a vida microbiana em geral nas profundezas do mar e além.
Em suma, a descoberta desse novo vírus nas profundezas da Fossa das Marianas representa um avanço notável no campo da microbiologia marinha, abrindo portas para uma melhor compreensão da ecologia e evolução de vírus e bactérias em ambientes extremos, bem como lançando luz sobre a diversidade impressionante da vida nas profundezas do oceano.